quarta-feira, 4 de maio de 2011

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NO AMBIENTE ESCOLAR


FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE-FAFIRE
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO
CURSO DE METODOLOGIA DA TRADUÇÃO DA LÍNGUA INGLESA

Trabalho apresentado à professora Lourdes C., da disciplina de Didática de Ensino Superior, do curso de especialização em Língua Inglesa: Metodologia da Tradução, como requisito para aprovação.
Por: SANDRA MORAIS 
Recife – PE
Abril/2011 

Este trabalho tem o objetivo de trazer ao leitor uma análise da entrevista feita a um professor em formação, mas que já atua como docente. Pretende-se ver aqui como ele trabalha suas dificuldades em sala de aula; e, quanto à formação de um docente, o que ele acha que deve ser feito para atender a realidade nas escolas, tendo em vista a defasagem de mão-de-obra qualificada para assumir esta profissão.
Então, qual a importância de se ensinar a Língua Inglesa? O que ensinar para nossos alunos? Será que só a gramática com suas exaustivas nomenclaturas ajudariam a fazê-los compreender essa importância? Ou, será que não já está na hora de sermos mais ousados e irmos de encontro ao sistema tradicional, quebrando paradigmas, fazendo o aluno pensar e seguir seu caminho na aprendizagem ao invés de barrá-los no raciocínio? Será que nós, como profissionais docentes teríamos condições de transformarmos a realidade atual para um relacionamento com o aluno no objetivo de formá-lo? E, quanto a nossa formação, é suficiente para ajudá-los a se formarem?
Esses são alguns questionamentos que trago como reflexão neste texto, tomando como base a análise da entrevista em anexo e observações de alguns teóricos.
O idioma inglês vem se modificando e se multinacionalizando, ou seja, na maioria dos países podemos encontrar pessoas que utilizam esta língua. Existe uma necessidade de aprender o idioma por uma questão muito notável que é o mercado capitalista globalizado. Para se obter informações rápidas e precisas, dependendo da profissão, é muito útil e prático quando se sabe falar inglês. Em função disso, para se profissionalizar, o aluno precisa passar pelo exame vestibular, daí temos a prova do ENEM, ou seja, o professor tem que preparar o aluno para ser capaz de fazer um exame a fim de conseguir uma vaga na universidade. A preocupação em aprender e ensinar, gira em torno de um exame, e de uma necessidade capitalista, e, em conseqüência disso, outras necessidades são ignoradas.
O professor entrevistado neste presente trabalho deixou claro na sua resposta de número 5, sobre as dificuldades enfrentadas em sala de aula, relatando três: “a falta de interesse dos alunos, a falta de estímulo dos pais e a falta de capacitação da direção da escola.” Na realidade, aluno nenhum vai para escola para aprender gramática, ele não está interessado nisso. Por isso, é preciso enxergar com olhar crítico, a questão de como ensinar e de como aprender. É preciso que o professor avalie sua própria prática além de avaliar seus alunos, assim como também, o professor deve estimular aos alunos a se auto avaliarem. Isso facilitará o envolvimento e o interesse pelo o aprendizado do idioma. Não adianta só saber conceitos, ou saber falar o idioma, mas saber como ensinar é primordial. O uso de textos nos seus mais variados gêneros, é uma forma de aprimorar o idioma e fazer os alunos se interessarem mais pela aprendizagem.
Já a pergunta de número 6, foi sobre como fazer para trabalhar essas dificuldades acima relacionadas, e o professor responde primeiramente que se deve melhorar a didática, além de dialogar com os pais e a direção da escola. Simone Selbach, do livro Língua Estrangeira e Didática, define a didática da Língua Inglesa, como:

um conjunto de relações explícitas ou implícitas entre um aluno ou um grupo de alunos, num meio que envolve instrumentos e/ou objetos e um sistema educativo que tem a finalidade de conseguir que esses alunos se apropriem de um saber constituído ou em vias de constituição. (grifos da autora) (p. 139)

É preciso que haja uma relação entre aluno, recursos e professor para se trabalhar uma boa didática, com o objetivo de fazer do aluno o protagonista, o sujeito da história, e não apenas um mero espectador. Isso pode ser trabalhado através da interdisciplinaridade. Por que não procurar saber sobre o que eles estão estudando nas outras disciplinas, para, a partir daí aplicar um trabalho, ou levar um texto de determinada matéria, ou alguém importante que se está estudando na matéria de história ou literatura? Ou, interligar o que aprendeu na sala a uma outra disciplina? Não há, na verdade, uma fórmula mágica de se ensinar, é preciso que o professor tenha a sensibilidade de aplicar a didática de acordo com a forma que seus alunos conseguem aprender. É preciso que o professor analise seus alunos para conhecê-los melhor. Pois, mesmo trabalhando em várias turmas no ensino fundamental, por exemplo, com todas no mesmo nível, não conseguimos trabalhar da mesma forma, tendo em vista que, suas influências, formas de aprender e visão de mundo, são diferentes. É preciso, primeiramente, conhecer os alunos, para depois elaborar o método de ensino aplicável a eles.
Vilson J. Leffa critica o fato de algumas escolas privadas, ao invés de investirem em profissionais com formação, promovem um treinamento para seus futuros professores com o intuito de ensinar o manuseio do material didático da própria escola para se trabalhar em sala de aula. Ele explica que, treinar é o ato de ensinar técnicas e estratégias mecânicas com resultados imediatos, e é algo tão técnico, ao ponto de, se a escola mudar o livro didático, terá que promover um novo treinamento com os mesmos professores; enquanto que, em contrapartida, formar é a fusão do conhecimento recebido com o experimental, rumo a uma reflexão, porém com resultados em longo prazo. De acordo com a LDB/96 (Leis de Diretrizes e Bases) é preciso que o professor seja, no mínimo, graduado para poder assumir a docência. Mas, infelizmente, até agora, as universidades, não têm sido capazes de formar profissionais com a competência suficiente para suprir as necessidades do mercado no âmbito da educação. Leffa ressalta que há um desequilíbrio entre “oferta e procura” no que tange aos aspectos quantitativos e qualitativos, pois há mais vagas do que profissionais plenamente qualificados.
As estatísticas já neste ano 2011, apontam que “nenhuma universidade da América do Sul configurou entre as 200 melhores universidades do mundo, segundo o ranking denominado "Times Higher Education World Reputation Rankings", elaborado pelo diário The Times.” O Brasil só aparece entre as 500 melhores com seis universidades que são: USP, Unicamp, UFMG, UFRJ, Unesp e UFRGS. A formação do professor de Língua Estrangeira hoje no Brasil deixa a desejar. Cada vez mais cresce a procura por profissionais docentes, enquanto que a oferta de mão-de-obra não é, em sua maioria, qualificada de forma satisfatória, ou, de acordo com as necessidades do mercado. 
            Diante desses dados, que representam uma defasagem na educação brasileira, vemos na formação do profissional docente uma falta de investimento que se repercute no ambiente escolar. Onde aquele aluno está à espera de alguém que compreenda sua filosofia de vida para que se deixe ser ensinado. Segundo a última resposta da entrevista, o professor entrevistado sugere que haja mais palestras explicando como é o campo de trabalho trazendo algo mais prático, que se aproxime mais da realidade, pois isso só acaba acontecendo quando começa o estágio curricular, que, vale a pena ressaltar, só começa, nos períodos finais do curso. Certa vez assisti a uma palestra do Prof Dr Celso Vasconcellos, onde questionava o "porquê" da formação do professor ser tão frágil; ele também criticava a formação docente atual em comparação com a formação de um engenheiro ou de um médico, que passa cinco ou seis anos para se formar, enquanto que um professor passa em torno de três ou três anos e meio. Fazendo essa analogia, Vanconcellos em seu discurso sugeria que a formação fosse em período integral e com estágio curricular remunerado desde o primeiro período, como uma residência pedagógica em comparação com o curso de medicina que tem a residência médica. Essa sugestão é com certeza algo extremamente subversivo com relação à realidade que existe a respeito da formação docente. Concordo com sua ousadia, tenho certeza que assim melhoraria até a valorização da identidade do profissional em questão. E, como ele mesmo falou na palestra: “De que palavras nós temos nos alimentado: “Não adianta”, “Sempre foi assim”, “É o sistema”?” Há várias razões para emergentes mudanças, no que tange à formação do professor e à didática do ensino da Língua Inglesa, é importante se debater mais sobre o assunto e reunir profissionais da área para que se consiga consolidar um pensamento a favor das expectativas acima sugeridas.

REFERÊNCIAS

Acesso em 29/04/11

Acesso em 29/04/2011
http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/formacao.pdf
LEFFA, V. J. Aspectos políticos da formação do professor de línguas
estrangeiras. In: LEFFA, Vilson J. (Org.). O professor de línguas
estrangeiras; construindo a profissão. Pelotas, 2001, v. 1, p. 333-355

SELBACH, Simone. (Sup. Geral) Língua Estrangeira e Didática. Vários autores. Petrópolis: Vozes, 2010.



Anexo
Entrevista feita a um professor de Língua Inglesa

1º Autora:Qual a sua formação?
 Professor: Estou ainda cursando letras.        
2º Autora: A quanto tempo atua como professor de Língua Inglesa?
Professor: A três anos e meio.
3º Autora: Em qual rede de ensino você atua: pública ou privada? 
Professor: Ensino nas duas redes.
4º Autora: O que lhe levou a ser um professor de Inglês?
Professor: Conhecimento amplo da área. Já falava inglês, gostava da língua, filmes, etc.
5º Autora: Quais as  dificuldades enfrentadas em sala de aula?
Professor: A falta de interesse dos alunos e a falta de estímulo dos pais.
Mas a falta de capacitação da direção escolar também é um fator importante.
6º Autora: Como você tenta separar essas dificuldades?
Professor: Melhorando a didática, tentando criar um vínculo maior com os pais e dialogando com a direção da escola.
7º Autora: Que sugestão você apresenta às instituições formadoras para atender às necessidades do mercado atual?
Professor: Eu acho que deveria haver mais palestras nas universidades com professores, explicando como é o campo e trazendo para o aluno (graduando) uma realidade mais próxima da sala de aula. Geralmente o aluno (graduando) só sabe o que é a sala de aula quando se depara com um estágio curricular. Deveria ter mais preparação, pois essa realidade deveria ser trazida para ele com mais antecedência.


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